31 de outubro de 2010

Cap. 7/Ep. 7 - O mistério do Pantera

Seven Mill Hill, sexta-feira, 13 de Agosto de 2004, 18:32

Joey acorda com uma forte dor de cabeça, sem se lembrar de nada. O lugar era completamente escuro, não se enxergava um palmo à frente dos olhos. A única coisa discernível no local era um som, ao mesmo tempo irritante e agradável. Algo como um zumbido, porém mais doce, um som realmente difícil de se explicar. Como que por magia ou algo parecido, uma luz surge de algum lugar. Agora ele pode perceber que estava com uma túnica branca de capuz, sentado em posição de lótus, em um lugar muito estranho: parecia um círculo, com o chão dourado, e um Tao desenhado no chão. Ele estava exatamente no ponto branco do lado negro do Tao, e percebeu que havia mais 10 pessoas no local, sendo que duas de túnica vermelha (uma de cada lado), duas de túnica cinza, duas de marrom e duas de azul, formando o círculo do Tao. Havia, ainda, alguém de preto no lado oposto ao dele, que ele reconheceu quase instantaneamente:

-Natalie? - sussurrou.

-Joey? É você? - Era realmente a voz de Natalie, também sussurrando.
Além desses, havia um homem com uma túnica misturando as 6 cores das outras túnicas, olhando para o “lado” onde estavam os de túnica vermelha. Joey percebeu que era dele que vinha a luz.

-Escolhidos, vocês foram aqui chamados para que eu possa lhes dizer que sua missão é realmente importante, mais do que a de outros Anjos e Demônios, e são poucos os que sabem quem são quem aqui. Todos vocês já se conhecem, é seu destino, mas será uma surpresa saber quem são os Anjos e Demônios aqui. Bem, comecemos. Alguma dúvida?

-Quem é você? - disse uma voz que Joey reconheceu, mas que não sabia de quem era. - Porque nos chamou aqui? E porque fica falando sem parar, sem nem deixar a gente entender nada? - A voz vinha do de Vermelho do outro lado, era uma voz masculina, mas Joey ainda não sabia de quem era. Talvez fosse o zumbido.

-Calma, jovem. Me chame apenas de Pantera. Eu vos chamei aqui porque é necessário que saibam que o período em que controlarão o mundo será o mais complicado de todos. Vocês foram escolhidos, se vão ou não aceitar o desafio, isso é com vocês. Mas está feito, e as surpresas serão muitas. Ignis, Atmos, Terrae, Aqua, Pyros, Anemos, Geos, Hydros, Pneuma e Spiritus, agora é com vocês. Ainda há muito a se aprender, e mais ainda a se fazer. Espero apenas que saibam que sua responsabilidade é muito grande.

-Ainda não entendo nada. - disse Joey, percebendo que sua voz estava diferente. - Que responsabilidade? Aqui são todos Anjos e Demônios?

-Não só Anjos e Demônios, mas os substitutos dos líderes. Todos já têm 18 anos, então o segredo já foi revelado a todos. Antes que me perguntem, esse é o mundo dos mortos.

-E por que nos trouxe para cá? - disse alguém, não havia como saber quem era. - Não era mais fácil ter chamado a gente no mundo real, para que saibamos quem é quem?

-Bem... Eu os trouxe para este lugar por que... Eu não estou, digamos, “disponível” em seu mundo.

Um grito de espanto geral ecoou pelo lugar.

-Eu não vivo mais em seu mundo - continuou - porque eu virei estátua, e não porque eu morri! Aliás, eu sou imortal.

-Explique-se - Joey percebeu que quem disse isso era Natalie.

-Sobre o fato de eu ser imortal, não posso explicar agora, talvez nem venha a explicar-lhes. 

Agora, sobre eu ter me petrificado... Já ouviram falar da épica batalha entre Rosh e Mãrãh?

-Sim - Disseram os 10 em uníssono.

-Eu transformei os Anjos e Demônios em estátuas, e hoje estou no centro deles. Um dia vocês entrarão lá e libertarão minha carne, bem como a dos Anjos e Demônios, mas, para isso, deveram fazer algo extremamente difícil, incluindo descobrir onde estão elas. E, no caso, elas estão exatamente aqui, no mundo espiritual, em um lugar secreto, na única passagem existente entre seu mundo e esse mundo, mas os únicos que saberão que esse lugar fica nesse mundo serão vocês. Várias pessoas sabem onde fica a passagem, mas não sabem que foi lá que eu escondi as estátuas, nem que aquilo é uma passagem para esse mundo. Além do mais, elas nem podem entrar lá, por que... Elas são matéria, e não espírito.

Depois de pensar um pouco se valia à pena ouvir a resposta, Joey perguntou:

-Então, como entramos aqui? Afinal, ainda somos feitos de carne, não?

-São, - respondeu calmamente Pantera - mas aqui, não.
Mais um espanto coletivo toma conta do lugar.

-Vocês não são carne - continuou Pantera, com toda a calma do mundo - porque vocês vieram aqui em sonho. Aquele flash que vocês viram foi para vocês dormirem. Então eu trouxe suas consciências para cá e aqui estão vocês. Agora, chegou a hora de acordar.

E com aquela mesma luz, Joey acorda no carro, com Phillip, já acordado, e Natalie, acordando simultaneamente a ele.

-Vocês estão bem? - disse Phillip - Veio um clarão de repente, todo mundo dormiu, isso já tem uma meia hora. Parece que o Pantera chamou alguém. - disse, olhando para os dois. - Vão lá 
e acordem sua mãe, afinal isso a adormeceu e Hildebrand também. Mas não queremos muito chamar a atenção do Hild, acho.

Ao irem lá, Joey reparou em uma coisa estranha, e comenta com Natalie:

-Imprensa? Por que tem repórteres aqui?

-Bem, uma mansão sendo destruída por um demônio não é o tipo de coisa que se vê todo dia...

Eles seguraram Katherine e, enquanto iam levando-a ao carro, Joey vê a última pessoa que ele esperaria ver em uma situação daquelas:

-O... O que você faz aqui, Sara?

23 de outubro de 2010

Cap. 6/Ep. 6 - Família - Parte 2

Seven Mill Hill, Sexta-Feira, 13 de Agosto de 2004, 18:00

-Phillip! Pode me explicar porque tem um homem na minha casa dizendo ser meu finado tio Hildebrand? E porque você o chama de Hildebrand?

-Olhe, garoto, eu sei você deve ter muitas dúvidas, afinal, já me perguntou tanto. Com um mestre idiota e uma mãe besta dessas, até eu ficaria sem entender nada. Mas o fato é que eu sou seu tio Hildebrand.

-Viu o que eu disse? Ele é louco!

-Ele é seu tio sim, Joey. Ele é meio-irmão de seu pai.

-O que? Ele não tinha morrido?

-Não, eu não morri, Joey.

-Cale-se Hildebrand. Joey, existe ainda outro lado da moeda, que eu acho que não te contei. Lembra quando os anjos “desceram”? Pois bem, alguns demônios também “subiram” para a Terra. Seu líder era Mãrãh (rebelião em Hebraico). Esses anjos e demônios lutaram, até que só sobrassem uns poucos de cada lado. Uma luta surgiu entre Rosh e Mãrãh, quando, de repente, surgiu um estranho homem usando um capuz que soltou uma maldição: Eles seriam transformados em pedra juntos com os 4 mestres elementais de cada lado, e só seriam libertados se dois irmãos gêmeos, um homem e uma mulher, um Anjo e um Demônio, surgissem, descendentes em comum dos dois. O seu avô, pai de seu pai e de seu tio Hildebrand, era um demônio, e a sua avó, mãe de seu pai, uma anja. A mãe de Hildebrand era humana.

-Não precisa lembrar! - disse Hildebrand

-Seu avô e sua avó eram descendentes de Rosh e Mãrãh, bem como sua mãe é descendente de Rosh. Seu pai é um meio-anjo e meio-demônio, o que faz de você um meio-anjo e meio-demônio, porém com o seu lado anjo mais fortalecido.

-Porque minha mãe é um anjo puro?

-Não, porque sua irmã é uma meio-a-meio com o lado demônio fortalecido. - disse Hildebrand.

-Que irmã? Que história é essa?

-Entre, Natalie. - bradou Hildebrand, como que para fora de casa.

-Natalie? Minha filha... Ela está ai? - disse Katherine.

Nisso entra uma garota, linda, de olhos azuis como os de Joey, loira, como Joey, a exata face de Joey, porém mais feminina. Seu corpo também era perfeito. Se não fosse isso de “irmã” e tudo mais o resto que distraia Joey, com certeza teria se apaixonado.

-Sim, Hildebrand, o que você quer?

-Lembra-se de sua mãe?

-Então essa é minha mãe? Diferente do que eu imaginava. Suponho que aquele seja meu irmão, Joey, não? É o único com minha idade por aqui, além de ser realmente parecido comigo.

-Viu, ela deduz bem. Porque você não é assim, Joey? - disse Phillip

-Começo a pensar que esse nome seja amaldiçoado...

Quase sem poder falar de susto, Katherine diz:

-Meu Deus! Como você cresceu!

-Porque eu não sabia disso de irmã?

-Ouça, garoto, - começou Hildebrand - você não sabe por que você foi isolado disso tudo 
quando era menor. Sua irmã me foi entregue quando bebê, pois seu pai achou melhor que ela fosse criada por um demônio que por um anjo, justamente por ter seu lado demônio fortalecido, e por me substituir no futuro como Pneuma, líder dos Demônios. Mas a hora chegou, e aqui estão vocês. Espero que entendam a solenidade desse momento!

-Com você por perto, qualquer momento perde a solenidade. - disse Phillip.

-Cale se!

E com uma luz, ambos estavam transformados, em anjo e demônio, com as faces mais ameaçadoras possíveis.

-Que infantis. - disse Natalie.

-Concordo. - respondeu Joey.

-Apesar de irmãos, um dia seremos Pneuma e Spiritus. Será que vamos brigar desse jeito?

-Sei lá. Nem tem como saber, já que não te conheço.

E quando perceberam, os dois brigavam, lá dentro mesmo, sem se importar que a casa nem era deles, e que a dona via tudo.

-Parem com isso, vocês vão quebrar tudo! - gritou - Vocês não são mais crianças!

Se você visse a cena de agora, com certeza se assustaria. A mansão fora quase inteira destruída, e nem sinal de batalha no local onde estavam os outros três. Mãe e filhos.

-Filha, - disse Katherine - desculpa ter te abandonado, mas era a melhor opção.

-Entendo. - Respondeu.

-Mas eu não! Como puderam me privar de tudo isso?

-Calma, irmãozinho! Só descobri que tenho um irmão e que sou meio-anjo e meio-demônio 
hoje também! É a regra, regra essa que papai queria nos contar, mas o tio Hildebrand, que eu já sabia que não era meu pai, matou-o antes disso.

-Como? Ele matou nosso pai?

-É. Na hora eu me contorci de ódio, agora só quero vingança. Só não o matei lá porque ele havia me dito que havia mais para saber, e ainda a muito. Mas quando possível, ele será meu.

-Meu! - gritou Joey - Eu vou vingar o papai!

-Podemos fazer isso juntos. - disse Natalie com um sorriso sarcástico, quase sádico.

-Talvez. - respondeu Joey.

Nisso Phillip entra correndo, totalmente ferido, e grita:

-Vão! Ele quer destruir a casa... Enquanto vocês estão dentro!

-Phillip! Você não tem a menor chance contra ele!

-Como se você tivesse!

Nisso ela também se transforma em anjo.

-Acho que tenho. Agora, crianças, levem-no para fora enquanto eu distraio Hildebrand. Eu logo 
vou para o carro. Rápido!

Os dois irmãos foram correndo pegar Phillip, e levaram ele para o carro. Tão logo o fez, Hildebrand apareceu, gritando:

-Vocês não vão fugir agora!

-Vão sim! - Gritou Katherine.

-Quais as suas chances, cunhadinha?

Nisso ele avançou, mas perdeu logo a consciência. Assim como Katherine, Joey, Phillip e Natalie.

16 de outubro de 2010

Cap. 5/Ep. 5 - Família - Parte 1

Seven Mill Hill, Sexta-Feira, 13 de Agosto de 2004, 16:30

-É bastante desconfortável ficar deitado no seu carro, Phillip.

-Hildebrand? O que você está fazendo aqui?

-Vim, digamos... Verificar o movimento por aqui. Ora, seu substituto já está quase se tornando um anjo, eu queria ver essa cena.

-Ele disse que recusa se tornar um anjo.

-Por quê?

-Diz que não tem motivos para isso.

-Eu acho que EU sou motivo suficiente.

-Ok, mas me explique uma coisa: Por que eu já não te mato aqui mesmo?

-Por que você quer que ele me mate.

-É, são motivos suficientes.

-Bem, tem como parar o carro? Preciso descer aqui.

-É bom mesmo, assim controlo a raiva que eu estou sentindo agora.

-Você sempre sente quando me vê, Phillip. Bem, espero não te ver tão em breve.

-Até, Hildebrand.

O carro para, e Hildebrand desce. Phillip olha para trás e percebe que ele vai para a Rua onde fica a mansão de Katherine, mas na hora nem percebe...

-Odeio Matemática. - diz Felipe.

-Eu acho que você disse uma coisa meio óbvia, - disse Joey - até porque você não entende nada do assunto.

-Ainda bem que acabamos. - Disse Sara

-Tudo bem, eu vou pra minha casa. - Diz Felipe

-Eu também. Tchau Katherine, tchau Felipe.

-Ah, bom. Já pensei que você ia pra minha casa.

Não preciso nem dizer que, dos 3, Felipe era o mais piadista. Fazia graça com tudo. Não que os outros rissem sempre, claro.

-Ok, criança, vai pra sua casa e ele vai pra dele.

-Defendendo ele? Hmm sei não.

-Sabe sim, agora vai!

--Fui! -responde Felipe.

-O que você quis dizer com “sabe sim”?

-Você também? Vai logo!

-Tá, tchau!

Hildebrand havia entrado na casa dos Landora sem que ninguém percebesse. Levava consigo uma espada, mais ou menos igual à de Phillip quando transformado em anjo. Usava uma túnica preta, que tinha um símbolo mais ou menos igual ao do Phillip, mas o Ankh era Dourado e preto ao invés de dourado e branco, e a cruz-espada era apenas uma espada comum, porém com um Pentagrama e um Hexagrama sobrepostos na união entre lâmina e cabo. E suas asas eram negras.

-Hildebrand? Porque você veio aqui? - diz Katherine, espantada.

-Olá para você também, Kat, eu vim ver seu filho.

-Ele não está.

-Oh, mas que pena! - diz, sarcástico. - Pode me dar licença para sentar enquanto o espero?

Nisso, ele levanta a espada com uma mão e desfere um golpe no ventre de Katherine com o cabo da espada, com tamanha força que ela sai voando do sofá onde estava e vai parar na parede. Ele aponta a lâmina da espada para a face de Katherine e desfere um golpe, acertando na parede.

-Porque não me mata de uma vez?

Nisso, ele se transforma novamente em humano. A espada some como mágica

-Não seria vantajoso, eu preciso que ele confie em mim. - e vai sentar no lugar onde antes se encontrava Katherine.

-Ele não vai confiar em você!

-Veremos, cunhadinha. - diz, com tom sarcástico.

O tempo passa rápido. Em poucos minutos Joey chega em casa.

-Quem é esse, mãe?

-Não vai cumprimentar o irmão de seu pai, garoto?

-Irmão de meu pai? Tio Hildebrand, é você?

-Sim garoto, sou eu.

-Você não tinha morrido naquele acidente com meu pai?

-Não, na realidade. Venha, tem muitas coisas que você precisa saber, anjinho.

-Não vá com ele, filho!

-Bem, se você não quer que eu vá com alguém, é mais confiável ir. Vamos, então, conte-me tudo o que...

Nisso ele vê a parede rachada perto da mãe, e pergunta:

-Talvez eu vá, mas antes, me responda: Porque aquele sinal na parede? Porque eu iria com você, se nem o conheço, e ainda pensei que estava morto há dois anos? E, principalmente, que símbolo é esse no seu peito?

-Tudo há seu tempo, garoto.

Depois disso, alguém entra correndo na casa.

-Largue-o, Hildebrand.

-Olá novamente, Phillip.

9 de outubro de 2010

Cap. 4/ Ep. 4 - Ignis, Atmos, Terrae, Aqua

Seven Mill Hill, Sexta-Feira, 13 de agosto de 2004, 15:30

-Liga pra ele, Felipe? - Resmungava Sara - Se não a gente não termina esse trabalho hoje!

-Calma! - Respondia Felipe - Não é o fim do mundo! Hoje ele faz 18 anos, deve ter acontecido algo especial!

-Falando assim até parece que... bem, isso não interessa, liga pra ele, anda.

-Liga você.

-Tô sem credito.

-Tudo eu, tudo eu...



-Mamãe, o que você tá fazendo aqui? - Perguntava Joey.

-Vim te avisar que esse daí é um medroso e que eu vou ter que falar tudo que seria obrigação dele!

-Katherine! - gritou Phillip - Desse jeito você assusta o garoto!

-Ele é filho de quem?

-Você é subordinada de quem?

-Ei, ei! - interrompeu Joey - Desse jeito vocês não chegam em lugar nenhum! Vocês estão aqui para brigar ou para me explicar o que está acontecendo com o mundo?

Nesse momento o celular de Joey toca.

-Alô?

-Alô, Joey? Aqui é o Felipe, você vem fazer o trabalho na casa da Sara? A gente tá te 
esperando aqui tem meia hora já e nada de você aparecer!

-Eu não sei se eu vou, Felipe, comecem sem mim que o negócio tá complicado aqui.

-Brigando com a mãe de novo, né?

-Não deixa de ser...

-Bem, a gente se fala depois, tchau!

-Tchau, e manda um beijo e um abraço pra Sara.

-Ênfase no beijo...

-Como?

-Nada, tchau.

-Tchau.

-Engraçado, o nome desse garoto se parece com o meu. - disse Phillip.

Só então, quando sua mãe estava do seu lado (sem receber convite para entrar, lógico) ele percebeu que ela tinha uma marca igual à de Phillip na roupa.

-Acho que você já sabe que eu sou um anjo, como você, não, Joey?

-Sim, mãe.

-Não só um anjo, mas Terrae, a líder dos anjos de Terra.

-Como assim? Anjos de Terra?

-Filho, os anjos podem vir de quatro formas diferentes: fogo, ar, terra e água. Cada um desses tem um líder, sendo Ignis, Atmos, Terrae e Aqua, respectivamente.

- E existe o líder supremo de todas as classes de anjos, de tudo, o chefe, que no caso é o próprio Spiritus, ou Spirit, se preferir, - disse Phillip.

-Isso - complementou Katherine - Mas julgo que é melhor você saber do resto em casa.

-Em casa e depois, mãe, eu tenho trabalho para fazer na casa da Sara.

-Eu te levo lá. - Disse Phillip. - Afinal, eu te trouxe...

-Deixa que eu o levo. - Retrucou Katherine.

-Não precisa, mãe, eu prefiro ir com ele, acho mais confiável ele que você.

-Acha um estranho mais confiável que sua mãe?

-Acho. Além do mais, se ele é mesmo líder dos Anjos Humanos, e eu seu substituto, acho que seria bom que eu fosse na proteção dele.

-Vá, então, moleque!

-Vamos, Phillip?

-Vamos.

A viajem correu tranquila até a casa de Sara, sendo escoltado por Katherine, que sumiu logo que eles chegaram lá.

-Até que enfim você chegou. - disse Sara.

-Achei que você tinha morrido. - brincou Felipe

-Oi, pessoas. - Respondeu Joey - Até, Spiritus!

-Não me chame de Spiritus!

-Ok.

-Vem cá, acha mesmo que eu sou um estranho?

-Agora, não mais. Enfim, até!

-Até

E o carro some no horizonte

-Quem era, Joey? - Pergunta Sara.

-O cara do capuz.

-Sério? Nunca diria.

-Nem eu, se não soubesse.

-Vamos. - disse Felipe - Esse é o nosso último ano na escola e eu não quero reprovar.

2 de outubro de 2010

Cap. 3/ Ep. 3 - Coração de mãe

Seven Mill Hill, Sexta-feira, 13 de agosto de 2004, 14:30

-Onde aquele garoto se meteu? - Perguntou Katherine.

-Sei não, dona! - Respondeu a empregada que se encontrava por perto.

-Meu Deus, meu Deus! Cadê ele?

-Você tá muito aflita, dona. Quer um chazinho, um calmante, um suco de maracujá, um...

-Não, obrigada. Ai meu Deus! Ele faz 18 anos hoje! Será que o Phillip... Não, ele na tem 
coragem suficiente para isso, é uma revelação grave demais para ele conseguir! É isso, ele não está no Angel Hangar, nem conversando com o Phillip! É paranóia sua, Katherine!

Angel Hangar é o nome da “casa” de Phillip. Lá, a conversa continuava:


-Então, eu sou um Anjo... Um Anjo! - Joey pensava alto.

-Sim, Joey, um anjo.

-Um mítico homem alado, um anjo!

-Sim, mas para libertar suas asas leva um tempo.

-Você as tem?

-Sim.

-Pode me mostrar, só para eu poder ter uma ideia?

Nesse momento, uma luz inunda toda a sala onde estavam, obrigando Joey a fechar seus olhos. Quando acaba, ele percebe que Phillip já não tem mais as mesmas roupas de antes. 

Usava uma túnica branca, com aquele mesmo estranho símbolo no peito. Empunhava uma espada, uma belíssima espada, e suas asas eram brancas, como a neve, talvez até mais brancas.

-Assim é o suficiente?

Joey nem sequer tentou dizer nada. Sabia que aquilo era impressionante demais para que qualquer palavra saísse de sua boca.

-Ora, garoto, aquela luz não é natural da transformação. Eu só a coloquei para você não ver como ela ocorre, porque a expectativa fica, menor, mas fica.

E volta a se transformar em humano.

-O que a senhora disse?

-Nada, só estou pensando um pouco alto.

-A senhora parece preocupada com algo, quer me dizer o que?

-É melhor não, é um segredo de família...

O silencio tomou conta do lugar até que, uns 30 minutos depois Katherine se levanta com pressa:

-Eu vou lá!

-Lá onde, dona?

-No Saint-Sebastian, para tentar descobrir o motivo da demora desse moleque!

-Precisa de companhia, dona?

-Não, obrigada. Termine de lavar essa louça, é o melhor que você faz. Volto em breve.

Nessas palavras, ela sai. Ela não ia, realmente, ao Saint-Sebastian, ia à Angel Hangar descobrir se o motivo do estranho desaparecimento de Joey tinha alguma ligação com seus 18 anos...

-O que quer dizer esse símbolo no seu peito? - Pergunta Joey

-Isso são dois símbolos colocados perto um do outro. O primeiro é uma Cruz-espada, o segundo é um Ankh com um Tao no centro. É o símbolo dos Anjos, até hoje ninguém sabe por que...

-Legal. Mas para que servem os Anjos?

-Bem... Eu deveria lhe contar a história toda, mas sinto que você não está preparado para ouvi-la. Mas é basicamente para proteger a humanidade e toda aquela conversa, além de...

-Recuso. - Interrompeu Joey.

-Recusa o que?

-Ser um Anjo.

-Não tem isso de recusar ou não, está no seu sangue.

-Ótimo, eu serei um anjo, mas não serei igual a isso que você disse. Não quero nem saber disso de “humanidade”.

-Por quê?

-Por que foi a humanidade que estragou toda a minha vida! Por culpa de um motorista bêbado, meu pai está morto, bem como meu tio que eu nem cheguei a conhecer, eu não sei de nada da minha família, ou mesmo da minha vida, que é uma desgraça, e...

-Você conheceu Sara. Veja o lado bom das coisas, garoto!

-O que tem de mais a Sara?

-Você a ama, e ela ama você. Não negue, garoto, eu sei que é verdade.

-Não me chame de garoto!

-E não mude de assunto! Veja, a muitas coisas que você ainda não sabe, você tem motivos 
suficientes para se tornar um de nós, tenha certeza!

-E porque não me conta?

-Por que ele é um inútil! Disse uma voz vinda de fora

E Joey tinha certeza de quem era.